Tudo era neblina. Uma noite fria. No rádio uma canção preferida. No rosto suor dor de uma noite perdida. Olho o relógio, telefone não toca.
Estava caminhando, nestas caminhadas matinais. Ao alcance de minha vista a minha pretendida. Passos largos que observo. Caminhava tentando chegar ao lado deste ser que tanto queria o seu querer.
A caminhada acaba e cada um para o seu lado. Sei tudo, apartamento, carro, manias e fantasias. Só falta o momento certo. Ontem como um tolo, coloquei um bilhete por debaixo de sua porta:
Alguém está a sua volta
Esperando o momento certo para chegar ao seu lado
Chegarei para cuidar
Deste seu olhar.
Assinado: Quem te Ama.
Ignorância tanta. Coisa de criança. Que se deixa levar pelo momento. Em um impulso uma atitude sem a responsabilidade, da idade.
No outro dia ela não caminhou, se trancou em casa, chamou um irmão. Imagino que assustada com o assédio, chamou alguém para ficar ao seu lado. Não, seu irmão lhe trouxe uma encomenda. Como a um ladrão me vejo espionando. Para tentar me aproximar. Do que falta.
Tarde, ela chega com vários embrulhos, corro e peço para ajudar, ela aceita. Chego até a porta de sua casa a cumprimento e parto devagar sem deixar de olhar suas compras, compreender as preferências deste ser.
Outro dia e espero um bom dia. Ela sai e começa a caminhar. Me aproximo, agora sou um conhecido, tento conversar:
- Bom dia, posso te acompanhar?
- Claro! Mas qual é o seu nome?
Antes que eu lhe falasse, ela respondeu – Desculpe, eu já sei, seu nome é... Quem te Ama.
Fiquei surpreendido, mas é claro que falei o meu verdadeiro nome.
Quem poderia acreditar que um gesto utilizado no passado poderia alimentar, UM AMOR PRESENTE.